O uso da metadona na dor oncológica –uma revisão narrativa

Autores

  • Natália Loureiro
  • Celeste Gonçalves
  • Ana Silva
  • Marta Pinto dos Santos

Resumo

A metadona é um opióide sintético, que apresenta ação em diversos recetores, incluindo o antagonismo ao recetor de N-metil D-Aspartato (NMDA) e ação inibitória na recaptação de noradrenalina e serotonina, sendo um fármaco importante na redução do fenómeno de hiperalgesia relacionado com o processo de sensibilização central. Tem um papel importante na dor oncológica complexa relacionada com a sua capacidade de ter uma analgesia multimodal. Apresenta semi-vida longa, elevada biodisponibilidade oral, grande disponibilidade de formulações, início de ação rápida e é um fármaco seguro em doentes com insuficiência renal crónica. No entanto, este opióide apresenta também efeitos colaterais, mediados por recetores opióides e não opióides, destacando-se o risco de sedação, delirium e prolongamento do intervalo QT. Além disso, apresenta elevado risco de acumulação com a administração de doses repetidas pela semi-vida longa e com grande variabilidade individual. Na prática clínica, a metadona pode ser utilizada de diversas formas: terapêutica de 1ª linha em doentes opióide naive; terapêutica de 2º linha quando realizada rotação de opióide ou associada em baixa dose a outro opióide. É necessária vigilância criteriosa na titulação de dose e na conversão de outros opióides, o que faz com que apesar de se mostrar como um fármaco versátil e com inúmeras vantagens, não seja comum o seu uso no dia-a-dia, exigindo assim maior experiência e conhecimento por parte dos profissionais de saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Hanna V, Senderovich H. Methadone in Pain Management: A Systematic Review. J Pain 2021;22:233-45. doi: 10.1016/j. jpain.2020.04.004.

Garrido MJ, Trocóniz IF. Methadone: a review of its pharmacokinetic/pharmacodynamic properties. J Pharmacol Toxicol Methods. 1999;42(2):61-6. doi: 10.1016/s1056-8719(00)00043-5.

Infomed. Base de dados de medicamentos de uso humano.[Internet]. Consulta em Agosto de 2023. Disponível em: https:// extranet.infarmed.pt/INFOMED-fo/pesquisa-avancada.xhtml.

Lusetti M, Licata M, Silingardi E, Reggiani BL, Palmiere C. Therapeutic and recreational methadone cardiotoxicity. J Forensic

Leg Med. 2016;39:80-4. doi: 10.1016/j.jflm.2016.01.016.

Caraceni A, Hanks G, Kaasa S, Bennett MI, Brunelli C, Cherny N, et al.Use of opioid analgesics in the treatment of cancer pain: evidence-based recommendations from the EAPC. Lancet Oncol. 2012;13:e58-68. doi: 10.1016/S1470-2045(12)70040-2.

Chou R, Cruciani RA, Fiellin DA, Compton P, Farrar JT, Haigney MC, et al. Methadone safety: a clinical practice guideline from the American Pain Society and College on Problems of Drug Dependence, in collaboration with the Heart Rhythm Society. J Pain. 2014;15:321-37. doi: 10.1016/j.jpain.2014.01.494.

NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology. Adult Cancer Pain, Version 2.2024. [Internet]. Consulta em Fevereiro de 2024. Disponível em: https://www.nccn.org/guidelines/guidelinesdetail? category=3&id=1413

Ding H, Song Y, Xin W, Sun J, Zhong L, Zhou Q, et al. Methadone switching for refractory cancer pain. BMC Palliat Care. 2022;21:191. doi: 10.1186/s12904-022-01076-2.

Barbosa, M, Gonçalves E. Metadona no Tratamento da Dor Crónica por Cancro: Experiência do Serviço de Cuidados Paliativos do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil – Centro Regional do Porto. DOR. 2008;16: 16-20.

Chary S, Abdul-Razzak A, Galloway L. Ultralow-dose adjunctive methadone with slow titration, considering long half-life, for outpatients with cancer-related pain. Palliat Med Rep. 2020;1:119–

doi: 10.1089/pmr.2020.0034.

Downloads

Publicado

2024-06-26

Como Citar

Loureiro, N. ., Gonçalves, C., Silva, A. ., & Pinto dos Santos, M. . (2024). O uso da metadona na dor oncológica –uma revisão narrativa. Revista Portuguesa De Oncologia, 7(1-2). Obtido de https://rponcologia.com/index.php/rpo/article/view/95