Jovens Adultos com Cancro em Portugal um inquérito pelo Grupo de Estudos do Adulto Jovem com Cancro da SPO

Autores

  • Marta Almeida ULS de Braga
  • Andreia Coelho ULS do São João
  • Ana Ferreira IPO do Porto
  • António Silva ULS de Coimbra
  • Daniela Macedo Hospital Lusíadas
  • Hugo Vasques IPO de Lisboa
  • Sérgio Chacim IPO do Porto
  • Cátia Noronha SPO
  • Margarida Brito IPO de Lisboa

Palavras-chave:

Adulto Jovem com Cancro; Sistema de Saúde Português; Multidisciplinaridade; Formação Pós-Graduada; Grupo de Estudos do AJC da Sociedade Portuguesa de Oncologia.

Resumo

Os adultos jovens com cancro (AJC) representam um desafio devido às suas características únicas que exigem cuidados específicos. Uma pesquisa ESMO-SIOPE revelou que, na Europa, há uma prestação subóptima e díspar nos cuidados fornecidos aos AJC, pelo que urge avaliar o estado dos mesmos no sistema de saúde Português.
O Grupo de Estudos do AJC da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) realizou um inquérito para avaliar as necessidades dos médicos e disponibilidade de recursos disponíveis para os AJC em Portugal.
Realizou-se um questionário on-line, enviado entre março-abril/2023 para médicos que tratam AJC em Portugal com recurso a base de e-mails da SPO.
O mesmo foi baseado no questionário da ESMO-SIOPE-9 e centrado na demografia, formação médica, investigação e acessibilidade dos AJC a cuidados especializados.
Foram recebidos 182 questionários de todas as regiões de Portugal, sendo a maioria médicos de hospitais terciários (67%) e oncologistas (62%). Cerca de 64% acompanhavam 1-20 AJC, sendo o cancro de mama (53%) o mais frequente. A maioria referiu poder encaminhar AJC para Psicologia (96%) e Genética (81%), mas 16% reportaram inacessibilidade às consultas de Fertilidade e 50% de Oncosexologia. Aproximadamente 84% não dispunha de terapia ocupacional/grupo de apoio para AJC. Igualmente, 92% e 95% negaram ter acesso a grupo de apoio para cuidadores de AJC ou para médicos, respetivamente.
Consulta de sobreviventes não estava disponível para 81% dos médicos, mas 89% admitiram a sua necessidade na prática clínica. Apenas cerca de 7% dos médicos inquiridos tinham algum tipo de formação específica.
Os resultados demonstraram escassez de recursos nos cuidados, formação e investigação sobre AJC em Portugal. Especial atenção deve ser dada à criação de uma rede específica comprometida com a abordagem dos AJC, além de apoio aos seus cuidadores e profissionais de saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Trama A, Botta L, Foschi R, et al. Survival of European adolescents and young adults diagnosed with cancer in 2000-07: population based data from EUROCARE-5. Lancet Oncol 2016;17:896–906.

Barr RD, Ferrari A, Ries L, et al. Cancer in adolescents and young adults: a narrative review of the current status and a view of the future. JAMA Pediatr 2016;170:495–501.

Bleyer A, O’Leary M, Barr R, et al. Cancer epidemiology in older adolescents and young adults 15 to 29 years of age, including SEER incidence and survival: 1975 - 2000. Bethesda, MD: National Cancer Institute, 2006:06-5767.

Skinner R, Mulder RL, Kremer LC, et al. Recommendations for gonadotoxicity surveillance in male childhood, adolescent, and young adult cancer survivors: a report from the international late effects of childhood cancer guideline harmonization Group in collaboration with the PanCareSurFup consortium. Lancet Oncol 2017;18:e75–90.

Keegan THM, Bleyer A, Rosenberg AS, et al. Second primary malignant neoplasms and survival in adolescent and young adult cancer survivors. JAMA Oncol 2017;20.

Desandes E, Stark DP. Epidemiology of adolescents and young adults with cancer in Europe. Prog Tumor Res 2016;43:1–15.

Bleyer A, Barr R. Cancer in young adults 20 to 39 years of age: overview. Semin Oncol 2009; 36:194–206.

Veneroni L, Mariani L, Lo Vullo S, et al. Symptom interval in pediatric patients with solid tumors: Adolescents are at greater risk of late diagnosis. Pediatr Blood Cancer 2013; 60:605–610.

Ferrari A, Lo Vullo S, Giardiello D, et al. The sooner the better? How symptom interval correlates with outcome in children and adolescents with solid tumors: regression tree analysis of the findings of a prospective study. Pediatr Blood Cancer 2016; 63:479–485.

Bleyer A. Adolescent and young adult (AYA) cancers: distinct biology, different therapy? [online]. Cancer Forum 2009; 33:4–9.

Bleyer A, Barr R, Hayes-Lattin B, et al. The distinctive biology of cancer in adolescents and young adults. Nat Rev Cancer 2008;8:288–98.

Tricoli J V, Seibel NL, Blair DG, et al. Unique characteristics of adolescent and young adult acute lymphoblastic leukemia, breast cancer, and colon cancer. J Natl Cancer Inst 2011; 103:628–635.

Ferlay J, Ervik M, Lam F, et al. Global Cancer Observatory: Cancer Today. Lyon, France: International Agency for Research on Cancer, 2020. Available from: https://gco.iarc.fr/today (date last accessed, 7 August 2022).

Geenen MM, Cardous-Ubbink MC, Kremer LC, et al. Medical assessment of adverse health outcomes in long-term survivors of childhood cancer. JAMA 2007; 297:2705–2715.

Hudson MM, Ness KK, Gurney JG, et al. Clinical ascertainment of health outcomes among adults treated for childhood cancer. JAMA 2013; 309:2371–2381.

Mehra N., Bielack S., Mountzios G. ESMO Handbook of Cancer in Adolescents and Young Adults. A Collaborative Project Between ESMO & SIOP Europe. 2022 ESMO Handbook Series.

Van Kalsbeek RJ, van der Pal HJH, Kremer LCM, et al. European PanCareFollowUp Recommendations for surveillance of late effects of childhood, adolescent, and young adult cancer. Eur J Cancer 2021; 154:316–328.

Smith AW, Seibel NL, Lewis DR, et al. Next steps for adolescent and young adult oncology workshop: An update on progress and recommendations for the future. Cancer 2016;122:988–99.

Saloustros E, Stark DP, Michailidou K, et al. The care of adolescents and young adults with cancer: results of the ESMO/ SIOPE survey. ESMO Open 2017.

Lambertini M, Peccatori FA, Demeestere et al. ESMO Guidelines Committee. Electronic address: clinicalguidelines@esmo.org. Fertility preservation and post-treatment pregnancies in postpubertal cancer patients: ESMO Clinical Practice Guidelines†. Ann Oncol. 2022 Dec;31(12):1664-1678. doi: 10.1016/j.annonc.2020.09.006.. PMID: 32976936.

Oktay K, Harvey BE, Partridge AH, et al Fertility Preservation in Patients With Cancer: ASCO Clinical Practice Guideline Update. J Clin Oncol. 2018 Jul 1;36(19):1994-2001. doi: 10.1200/JCO.2018.78.1914.. PMID: 29620997.

Recomendações Clínicas para a preservação da fertilidade no doente oncológico da SPH/SPMR/SPO : https://www.spmr.pt/attachments/recom-spmr.pdf

Downloads

Publicado

2024-06-26

Como Citar

Almeida, M., Coelho, A., Ferreira, A., Silva, A., Macedo, D., Vasques, H., Chacim, S. ., Noronha, C., & Brito, M. (2024). Jovens Adultos com Cancro em Portugal um inquérito pelo Grupo de Estudos do Adulto Jovem com Cancro da SPO. Revista Portuguesa De Oncologia, 7(1-2), 5–12. Obtido de https://rponcologia.com/index.php/rpo/article/view/109

Edição

Secção

Artigos de investigação original